sábado, 2 de maio de 2015

25 km de liberdade

Quando rompemos a barreira de uma meia maratona, começamos a cada treino nos sentir mais e mais maratonistas. É um processo de auto convencimento. Neste momento é preciso começar a abrir mão de compromisso sociais  em véspera de longões e convencer  seus amigos e família que a partir de agora há um comprometimento maior. Não é mais possível matar aquele treino chato e nem tampouco descuidar da alimentação. Toda sexta é um dia de ansiedade, a noite uma tortura e nas primeiras passadas a pergunta que ecoa na mente destes corredores debutantes é: O que estou fazendo aqui? Será que consigo?
Hoje foi assim,  disse não para  alguns amigos sobre cervejas e pesticos na noite anterior. Deitei cedo no meu cantinho desliguei o celular e li duas paginas do livro. Cai no sono como vento de outono do rio  e um despertador programado para as 5h. Queria ter tempo de me preparar e com calma para meu compromisso comigo mesma. Relógio despertou mas  só consegui levantar as 5:50 muito sonolenta e um tanto mal humorada. Mas sozinha não há mal humor matinal que dure muito. Me arrumei e fui para o café, encher a camelback e pegar tudo que precisava.  Prontinha e alimentada peguei o carro, a cidade estava vazia porque estamos no meio de feriado. Amo dirigir esta hora. Fui dirigindo e pensando no trajeto, hoje precisava do suporte da tenda para qualquer emergência e além disso tenho por premissa que distância nova se faz em trajetos conhecidos. Fiz meu trajeto de sempre, orla de niteroi de forte a forte. Eu não enjoo deste caminho. Larguei tarde as 7h, mas como é outono e a temperatura está amena achei até bom começar no horário que largarei no dia da maratona. Antes de começar agradeci, agradeci por estar viva, por estar ali porta para mais um novo desafio e pela semana que tive. E pedi, pedi para que ot reino fosse tranquilo sem lesões ou esforço absurdos. E fui. hoje fui com musica porque não queria que minha cabeça me traísse. Me lembrei do meu treinador me dizendo para começar os longos com mais calma e com menos foco no pace. Comecei preocupada em terminar. Enum ritmo  mais lento que o meu de costume. Foi um treino tranquilo,  com muito gel e isotônico e um tanto de sol no final. O dia estava lindo e a cidade tranquila me ajudou. Hoje a cabeça me ajudou e me surpreendeu. Achei que fosse  sofrer e nem sofri. Terminei muito inteira física e mentalmente. E mesmo assim me dei ao direito de dormir de tarde para descansar o corpo e a mente. Não tive uma fome surpreendente, o que é uma novidade.  E hoje foi um verdadeiro presente, porque me sinto preparada.  É estranho como preocupação muda e nasce um corredor mais maduro ao longo do treinamento. Não sei se vou completar esta maratona e nem como vai ser. Mas  o que sei que é me preocupo é como caminho, e cada treino alcançado é uma vitoria. Acredito hoje que olhando para o caminho com cuidado vamos longe. Hoje fiquei pensando muito sobre  o que liberdade, eu me acho um ser livre  mas  o que é ser livre? Livre é  poder fazer o que te agrada dividir seus sonhos com quem você ama e fazer-los sonhar junto. Hoje corri levando muita gente comigo... Que  mais treinos bons venham!
Treina para um maratona não é fácil. Mas é uma experiência que nos muda... aos pouquinhos e de montão.

domingo, 26 de abril de 2015

3 meses

Hoje, dia 26/4, faltam exatamente 3 meses  para a maratona do rio. Estou inscrita e  treinando para a prova desde de Dezembro de 2014. Ontem fiz um treino longo de 22km. Tive muita dificuldade em passar esta barreira pós 21km por isso fiz esta distancia 3 vezes.  Minha cabeça  me traiu em muitos treinos,  e cheguei ao ponto de parar no km 3 de um treino de 20k e pensar em porque estava fazendo aquilo. Depois de respirar voltei para o treino e conclui. Então, os últimos dois meses  foram de treinamento de base intenso  onde trabalhamos as distancias de 20-22km muito bem. Foi também um trabalho de autoconhecimento onde ficou claro o porque corro e porque me propus a completar uma maratona. Este ano faço 30 anos e um pouco de maturidade se abate sobre mim nos últimos dois anos de forma que hoje me dou ao direito de me conhecer melhor e de respeitar a minha vontade sem me importar tanto com que os outros pensam desta forma correr me mostra onde estão  meus pontos fracos e onde estão me us pontos fortes. Correr me deixa mais humilde e mais humana. Correr me aproxima de mim  mesma e me ensina a ser feliz apenas coma s minhas pernas.  De forma que embarquei no desafio dos 42k para me conhecer e explorar novos limites. Os limites vieram mais cedo que eu poderia esperar. Começou mais cedo quando  a minha tese demorou mais tempo do que poderia imaginar para ser escrita, e neste tempo treinar foi bem complicado porque  afinal de contas não vivo disso. Mas  passou e  o treinamento evoluiu. Ontem fiz 22  de coração tranquilo, sem dor no final e com a cabeça pronta para explorar outros limites, treinei em curitiba   e foram simplesmente 7 voltas em um parque lindo, mas foram 7 voltas e para isso  só com muita cabeça para o aumento das distâncias. O bom destes longos é que  podemos colocar a cabeça no lugar durante este longo tempo. Também tive a cabeça traída pela vida,  que não escolhe o momento onde as dificuldades irão aparecer  e neste tempo o meu irmão mais novo perdeu a visão, estamos todos engajados em sua reabilitação e nesta hora qualquer objetivo pessoal perde o valor. Mas cada passada também é por ele. Bem que os próximos 3 meses venham com todas as dificuldades que nos acometem simplesmente porque estamos vivos e que nenhuma delas me tire deste grande desafio pessoal.
Contagem regressiva  nos dias dias e progressiva nas distâncias. Venho aqui relatar os longos e minhas impressões sobre a vida. Semana que vem temos 25k no cardápio… ui q fome!

Abraços!

domingo, 19 de abril de 2015

Um recomeço
Todo fim é um recomeço. Esta frase ecoa na minha cabeça  há dias. Eu mesma disse esta frase e no momento que estas palavras saiam da minha boca,  a imagem da fênix veio no meu imaginário. Somos todos um pouco fênix em algum momento da vida. A corrida me faz fênix  a cada fim de treino. Sempre termino e penso no que virá e em como renascerei.  Sempre ouvi dizer que treinar para uma maratona por si só era uma experiência e tanto. Sempre tive respeito pela distância e dizia que apenas pessoas especiais venciam este desafio. Hoje vejo que é um exercício intenso de autoconhecimento a cada passada. Mas apenas entendi isso no dia em que resolvi que  faria uma maratona para comemorar meus 30 anos. E quando eu decidi, eu estava 20 kg acima do peso  e não corria  há 3 meses, foi em outubro de 2014 quando assisti a chegada da maratona de Nova Iorque e chorei, chorei por cada corredor que chegava ali carregando suas dores e seu cansaço após mais 4h de corrida no frio de -1oC. Fui aos poucos voltando, me reencontrando e cá estamos treinando para uma maratona. As vezes eu mesma não acredito mas abro a planilha e vejo 25km de longo, ai a realidade bate a porta. A realidade é que correr por mais de 2 horas exige mais de você do que você pode imaginar. Exige um limite que não conhecemos até tentarmos. É ruim andar no escuro. Imagine correr no escuro? Mas é assim a cada nova planilha. Um novo desafio e a cada passo um  velho corredor morre e um novo corredor nasce dentro de cada um.  Vou usar este espaço para falar um pouco deste processo. O treinamento de base foi feito desde de Dezembro do ano passado. Distâncias curtas,  muita intensidade e treinos intervalados, no meio disso  nasce minha tese de doutorado. Iniciei a escrita no dia 03 de dezembro e entreguei  agora no dia 20 de abril. Na mesma semana que completei minha terceira meia maratona totalmente preparada. Quantos treinos eu matei   por conta da tese? Menos de 10. E não sei descrever o quanto a corrida a me ajudou a  organizar a ideias para transformar 4 anos de trabalho e aprendizado em um texto escrito que pudesse expor o conhecimento gerado e ser util ao leitor. Agora nasce uma nova corredora. Mais consciente de si, com mais respeito ao 42km que me aguarda e quase doutora. Quem quiser me acompanhar será bem vindo.... Sábado temos 22km fora de casa, desafio total na fria curitiba.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Voltando a ativa e pensativa

Faz muito tempo que não escrevo por aqui...
Mas a cada dia que passa escrever passa a ser um exercício necessário, mesmo sem saber se será lido.
Qual a missão deste blog? Espalhar os pensamentos desta corredora e cientista pelo mundo ou pelo menos para os leitores. Nestes doze longos meses que se passaram desde a última postarem a vida girou e mudou e a  autora não apenas correu a primeira como também a segunda meia maratona na vida. A corrida, ou melhor a prática de atividade física entrou  na rotina da autora de uma maneira única e hoje digo mesmo que eu não possa correr, que é algo que eu amo, eu andarei eu nadarei eu vou me mexer. Movimentar-me traz um sentimento de estar viva. E o que é estar viva? O que é se sentir viva? Você já pensou sobre isso? Quantos dias passamos nulos pela vida? Quantos dias passamos no piloto automático apenas cumprindo a rotina sem nos perceber...
Este blog também é uma tentativa de percepção de não deixar pequenos momentos passarem em branco.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Nova Iorque, não consigo gostar de você como você merece!

Depois de mais de um mês sem escrever, resolvi aparecer. Corri, corri bastante. Fiz até musculação (não como  gostaria mas fiz), decidi comprar uma bicicleta e roupas para natação. É o verão trazendo alegria e ânimo, mas a corrida terá que chegar  e superar ao  inverno e terá que chegar  com 10 ou 15 km. Correr por aqui é muito bom e bonito. Todos gostam de correr em qualquer lugar o que não te deixa se sentir um E.T. na rua.  A corrida  me traz felicidade e aqui aprendi a encontrar felicidade nela. Passo tanto tempo comigo mesma que quando corro me solto de mim e isso é bem bom! Como sempre digo corro por aquela efêmera felicidade, fruto da endorfina, no final de cada treino. As vezes paro de correr, enjoo das minhas passadas e resolvo ser feliz sem isso (fiz isso por 10 dias) meu treinador perguntou o porque da minha ausência nas pistas e eu disse: estava muito ocupada sendo feliz! É lógico que isso não era desculpa mas… Amanhã volto a correr nas ruas do Bronx em busca daqueles 5 minutos da felicidade do depois e em busca de ser melhor, mais leve, mais rápida e mais feliz!
O título do meu post nada tem a ver com este primeiro parágrafo. Tem a ver com o que sinto aqui e agora que não sou mais tão turista  as coisas ficam mais claras. Como todas as cidades em que vivemos ou mesmo passamos em algum momento da vida, vamos criando laços com os lugares as pessoas, criando pequenos filmes em nossa mente  que podem ou não gerar em nós aquele sentimento bom de se sentir em casa (nem precisa ser a sua cidade natal  ou  a cidade que você mora agora). Me sinto muito a vontade por aqui, ando numa boa sozinha ou acompanhada,  me comunico e me movimento sem problemas. Mas preciso dizer para esta cidade que eu não a amo como ela me ama! Que eu não a abraço como ela me abraça! Sim, ela abraça e encanta a muitos, parece uma sereia. Mas não a mim! Eu não sei porque, não em sinto em casa. O que é estranho já que as pessoas que aqui moram  são das mais diversas nacionalidades e personalidades, qualquer pessoa do mundo pode se sentir em casa aqui. Aqui não há rostos estranhos nem línguas esquisistas, todos podem ser encontrar. Mas não eu. Acho que para amar qualquer coisa, você tem que estar livre, livre inclusive de si e eu não estou, tenho outros amores em outros lugares. Não moro onde nasci e mas poderia ter nascido onde moro, lá sim é a minha casa. Hoje fui ao aeroporto deixar alguém, e tudo que eu queria era ir simplesmente ir. Fiquei projetando o dia  de ir embora, falta tempo (pelo menos 4 meses) e cheguei a sentir a alegria que seria se este dia fosse hoje. Iria sem olhar para tras feliz e contente.
Alguns leitores (como a minha mãe) certamente irão dizer: menina vai aproveitar a cidade, o trabalho e tudo mais e esquece o dia de ir embora. Para de sofrer. Mas isso não é sofrimento. Não pensem vocês meus amigos que eu não aproveito. Aproveito e muito cada segundinho da vida por aqui em todos os aspectos mas felicidade mesmo é estar em casa! Enquanto este dia não chega, trabalho muito e me divirto no caminho. Vou correndo e vivendo por aqui... depois eu volto para contar mais!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nunca pensei que fosse ser assim!


Já faz quase um mês que estou aqui. Já estou bem mais adaptada  e feliz! A vida aqui é boa, cheia de facilidades, a cidade tem muito o que fazer e meu trabalho é ótimo.
Aí quando as coisas entram nos eixos e a vida vai ganhando rotina com corrida, marmita e horários.... Me deparei pensando, no quanto  eu me achava forte e independente. Saudade?! Ah vai ser fácil, vai  passar logo. Imaginava a dificuldade em coisas  beem mais estranhas que a pura e simples saudades de tudo. Tudo mesmo! Até das coisas eu não gosto eu  me peguei sentindo falta.
É assim! Acho que mudanças servem também para amadurecer, para aprender a lidar com a ausência (ou mesmo com a presença, que muitas vezes nós desprezamos), com a solidão e consigo mesma.  Acho que estou aprendendo, apenas acho... porque vim para cá achando um montão de coisas que cairam por terra em apenas um mês. O que tenho certeza é sou mole igual uma manteiga derretida, sou apegada a tudo e saudade dói. E como com dói! Mas ensina, ensina muito e um dia daqui há 5 meses, sentirei saudades das saudades que eu senti.
Sentirei saudades da felicidade de estar aqui, e de tudo que ainda está por vir e eu já tenho saudades. Ansiosa? Imagina...
Bem já que o tema central deste blog é corrida. Vamos a ela! Em terras americanas tenho corrido com regularidade (mesmo no vento frio e muito muito chato). Quem sabe arrisco uma prova de 10km em setembro? Torçam por mim....

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Segunda  semana nas terras do norte...
Bem já estou quase terminando a esta semana e completando 3 semanas aqui.
Aí você me pergunta foi bom? Você está gostando? Olha eu estou adorando trabalhar em um lugar diferente, aprender coisas novas. É verdade que na mairoria das vezes me sinto uma burra, mas o que se pode fazer? O processo de aprendizagem é assim: estuda, faz, erra, aprende com isso, pensa associa e uma hora: ops! Eu aprendi isso!
 Se a vida fosse apenas trabalhar (e olha que consigo preencher quase todas as 24hr do dia com isso) estava tudo maravilhoso. Mas, não é! E aqui eu descobri que realmente não é! Sinto uma enorme saudade casa, saudade de coisas totalmente superfulas (tipo pão se sal!). É aquele sentimendo de sair da sua zona de conforto. De conviver com pessoas muito diferentes, de tentar entender outras culturas e outras maneiras de pensar. Sem julgar, apenas conviver e se adaptar. E o principal aprender a conviver consigo mesmo com seus defeitos com o seus limites!!! É um processo, estou no meio dele. Tem dias bons e dias péssimos!!!
E Nova York? Ah Nova York é nova York né? É uma cidade bonita, encantadora e cheia de coisas para fazer! Ok mas isso não preenche sabe? Eu estou amando o lugar e tudo que ele oferece, tem para todos os gostos e bolsos também! Mas... Eu continuarei contando as semanas anseando por bons resultados e pensando na volta para casa!!! Pensando fortemente no dia de voltar com a mala cheia de novos amigos, e com a experiencia profissional que vim buscar aqui.